domingo, 23 de setembro de 2007

Mayerling - Curiosidades Cinematográficas

No filme Ava Gardner interpretava a imperatriz Sissi, mãe do personagem de Omar Shariff. O problema é que a diferença de idade entre a atriz e o ator era de apenas nove anos. Mesmo assim acabaram sendo convincentes no filme.

No projeto original o filme teria outra dupla de protagonistas, estrelando o casal Mel Ferrer e Audrey Hepburn. Ela inclusive já tinha contato com a história pois tinha participado da versão para a TV de Mayerling em 1957. Só que por questão de falta de tempo em sua agenda a atriz acabou recusando gentilmente o convite feito pelo estúdio.

Quando o filme começou a ser rodado em estúdio um dos produtores executivos era o próprio ator Mel Ferrer. Foi ele inclusive quem contratou Terence Young para a direção. Algum tempo depois Ferrer resolveu abandonar o filme, porém Young continuou confirmado como diretor da fita.

Outros atores foram cogitados pelo estúdio para interpretar o papel principal, do herdeiro imperial. Marcello Mastroianni que havia sido a primeira escolha foi descartado, por causa da idade. Alec Guinness foi inicialmente escolhido para interpretar o imperador Francisco I, mas também acabou não ficando.

Historiadores afirmam que o arquiduque Rudolf era na verdade apaixonado por uma atriz e prostituta (que está sutilmente representada no filme) e não por Maria Vetsera. O roteiro porém investiu numa grande paixão entre o casal que acabaria cometendo suícidio junto.

Catherine Deneuve não tinha a idade certa para interpretar Maria Vetsera. Na história real ela tinha apenas 16 anos de idade quando se matou ao lado do arquiduque. Também tinha cabelos negros e não loiros como mostrados no filme. Tampouco chegava aos pés da beleza de Deneuve, considerada por muitos uma das atrizes mais bonitas da história do cinema.

Omar Sharif também não se parecia em nada como o verdadeiro Rudolf, herdeiro do trono. Ele era calvo e magro, nada belo. Já Omar era considerado um dos grandes galãs do cinema americano e europeu. Nascido em Alexandria, no Egito, o ator era bem diferente do austríaco nobre que interpretou nesse filme.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de setembro de 2007

Johnny Weissmuller

Johnny Weissmuller foi o primeiro ator a fazer realmente carreira apenas com um personagem, Tarzan, que o marcaria para sempre. O interessante é que ele jamais pensou em atuar na sua juventude. Queria ser atleta olímpico. O esporte escolhido foi a natação. Acabou se tornando um grande campeão da modalidade, vencendo cinco medalhas de ouro nos jogos olímpicos de 1924 e 1928, O sucesso nas piscinas chamou a atenção de publicitários e depois de produtores de cinema. Ele tinha o físico perfeito para certos papéis.

Em 1932 interpretou o Rei das Selvas em "Tarzan, o Filho da Selva", um grande sucesso de bilheteria. Como ator era bem limitado, mas isso no final das contas não tinha muita importância, já que o seu Tarzan era um homem rude, criado entre macacos e que sabia falar poucas palavras em inglês. O que importava para o diretor W.S. Van Dyke era que ele conseguisse fazer bem as cenas de ação no meio da selva. E nisso Johnny correspondia muito bem às expectativas.

O lucro enorme que o filme fez o transformou em uma série cinematográfica. Nos anos seguintes Weissmuller voltaria a atuar como Tarzan nos filmes "A Companheira de Tarzan", "A Fuga de Tarzan", "O Filho de Tarzan", "O Tesouro de Tarzan", "Tarzan Contra o Mundo", "Tarzan, O Vingador", "Tarzan em Terror no Deserto", "Tarzan e as Amazonas", "Tarzan e a Mulher Leopardo" e "Tarzan e a Caçadora". Finalmente em 1948 fez o último filme com o personagem chamado "Tarzan e as Sereias". Foram 14 anos atuando exclusivamente como o famoso herói criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs. A idade foi chegando e ele foi perdendo a forma física, não dava mais. Sobre isso chegou a declarar para uma revista de cinema da época: "Eu não posso interpretar Tarzan para sempre!".

No mesmo ano em que abandonou Tarzan ele começou a filmar "Jim das Selvas". Era uma maneira de tentar manter seu sucesso junto ao público, mas com o passar dos anos sua fama foi se apagando. Como um homem rico, com o dinheiro ganho nos cinemas e em em peças publicitárias, ele conseguiu ter uma velhice moderadamente tranquila. Enfrentou alguns problemas mentais, mas conseguiu se recuperar. Faleceu aos 84 anos de idade, em Acapulco, no México, após sofrer uma trombose seguida de um derrame cerebral. Imortalizado para sempre nas telas como o primeiro grande Tarzan da história do cinema, ainda hoje é lembrado pelos fãs dos filmes e quadrinhos, sempre sendo citado como um dos melhores intérpretes do personagem no cinema.

Pablo Aluísio.

O fim da dupla Martin e Lewis

Quando Dean Martin atuou no drama romântico "Deus Sabe Quanto Amei" ao lado do amigo e colega Frank Sinatra ele já tinha provado seu ponto de vista para Jerry Lewis. Como se sabe eles começaram juntos, muitos anos antes, quando se conheceram em New Jersey. Ambos estavam se apresentando em um night club. Martin era o cantor da noite e Lewis o contador de piadas. Uma noite os dois tiveram uma ideia. Que tal unir o palhaço com o galã italiano no palco. Poderia dar certo? Claro que sim. A dupla a partir daí não parou mais de se apresentar juntos.

Tudo caminhava bem e ficou ainda melhor quando o produtor Hal Wallis decidiu levar a dupla Martin e Lewis para a Paramount Pictures. A partir daí já sabemos bem o que aconteceu. Eles fizeram dezenas de sucessos no cinema e em determinado momento se tornaram os mais populares astros do cinema americano. Foi de fato um sucesso de bilheteria espetacular.

Só que nada dura para sempre. Alguns biógrafos dizem que a dupla começou a ruir por causa da esposa de Dean Martin. Ela colocou na cabeça do cantor e ator que ele estava sendo ofuscado por Jerry Lewis nos filmes. Uma bobagem porque cada um tinha um papel bem definido nas produções. Ninguém estava passando a perna em ninguém. Mesmo assim Martin não pensou direito e resolveu romper com o comediante. Depois disso todos em Hollywood ficaram em dúvida: será que Dean Martin iria sobreviver no cinema sem Jerry Lewis?

Filmes como esse provaram que sim. Aliás é bom que se diga que Dean Martin teve mesmo uma carreira brilhante em Hollywood após o fim de sua parceria com Jerry Lewis. Ele atuou com grandes diretores e atores e fez bonito em alguns dos grandes clássicos da sétima arte. O fim da dupla Martin e Lewis iria deixar mágoas, mas nos anos 1970 eles finalmente se encontraram em um programa de TV que Jerry Lewis estava apresentando. Foi um encontro breve, mas que valeu para demonstrar que a velha amizade ainda poderia sobreviver. Nunca mais fariam filmes juntos, mas pelo menos a antiga amargura do rompimento tinha ido embora para sempre.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 2

Errol Flynn - Capitão Blood
Não foi Errol Flynn o primeiro astro dos filmes de capa e espada, com piratas cruzando os mares. Essa honra coube a Douglas Fairbanks, ainda na era do cinema mudo. Porém foi seguramente Flynn em seus filmes na Warner Bros que transformaram esse gênero de aventura em algo maior, em um verdadeiro evento cinematográfico de massa.

O ator foi o grande astro da era de ouro da Warner. O estúdio não media esforços e gastos para recriar na tela os tempos dos piratas, que cruzavam os oceanos em busca de riquezas. O diretor Michael Curtiz também foi um mestre nesse gênero. Ao lado de Flynn rodou os maiores sucessos de bilheteria da época, a ponto de transformar Flynn no ator mais bem pago de Hollywood.

Nesse filme temos um pirata por acidente. Isso mesmo. O médico Peter Blood (Errol Flynn) é um homem honesto, injustamente condenado por um crime que não cometeu durante o reinado tirânico do Rei Jaime II. Enviado para cumprir sua pena em um navio (na chamada pena de galês) ele acabou liderando um motim, tomando a embarcação e se transformando a partir daí no Capitão Blood, um pirata ao velho estilo, mas com um bom coração e um senso de ética fora do comum.

Tecnicamente o filme é perfeito. Se engana quem pensa que ele está datado. É tão bem realizado, com bonito figurino e cenários realistas, que funciona perfeitamente bem até nos dias de hoje. A Warner chegou a construir dentro do estúdio duas enormes caravelas da época dos piratas, contratando historiadores para que tudo fosse reconstruído nos mínimos detalhes. Para Flynn esse filme também significou o começo de uma nova era, onde ele brilharia como poucos astros no céu de Hollywood.

Capitão Blood (Captain Blood, EUA, 1935) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Rafael Sabatini, Casey Robinson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Lionel Atwill, Basil Rathbone / Sinopse: Capitão Blood (Errol Flynn) é um pirata do Caribe que saqueia e rouba navios ingleses e franceses que ousem cruzar seu caminho em alto mar. Para capturá-lo o Rei da Inglaterra envia um navio de guerra fortemente armado para atingir esse objetivo.

Pablo Aluísio

Charlton Heston - El Cid

Em uma era em que o cinema procurava produzir grandes espetáculos épicos, esse "El Cid" se destacou por causa de sua grandiosidade. O filme resgata a figura lendária desse guerreiro medieval que foi peça importante na vitória dos povos cristãos europeus contra o invasor mouro, vindo do Oriente Médio. O campo de batalha se deu na Península Ibérica, mais objetivamente nas terras dos reinos de Portugal e Espanha. Foi lá que El Cid criou sua lenda.

O roteiro do filme não é historicamente preciso. Os roteiristas Fredric M. Frank e Philip Yordan preferiram usar os poemas medievais como base para a história do filme. Isso é fácil de explicar. O estúdio queria um herói medieval íntegro e sem falhas. O El Cid dos poemas vai de encontro a essa imagem. Já o El Cid da história era bem diferente. Em essência era um mercenário que colocava sua espada à disposição do rei que lhe pagasse mais. Não ficaria bom em um filme épico como esse.

Assim Charlton Heston se mostrou ser o nome ideal para o filme. Para quem havia interpretado Moisés em "Os Dez Mandamentos" e Judah Ben-Hur no imortal clássico dirigido por William Wyler, seu nome no elenco surgia como algo natural. Nenhum astro da era de ouro de Hollywood personificou melhor o herói de filmes épicos do que ele. Apenas sua presença na tela já deixava o espectador da época com a certeza de estar na presença de um herói, um mito da Idade medieval. Como sempre Heston segurou o filme de ponta a ponta. Mesmo quando o ritmo decaiu na metade do enredo ele ainda conseguiu manter o interesse do público.

Já o mesmo não se pode dizer de Sophia Loren. Atriz de dotes de beleza bem óbvios - quase exuberantes - ela tentou seduzir a plateia com uma atuação fora de tom, diria exagerada. Enquanto Heston mesmo interpretando o herói surgia mais sutil, Loren exagerava na dose. Além disso seu romance com El Cid soa pouco convincente, demasiadamente forçado e pouco convincente. Já o diretor Anthony Mann errou um pouco a mão ao dar espaço demais para esse romance pouco interessante. Se tivesse se concentrado ainda mais nas cenas de campos de batalhas o filme inegavelmente teria ficado muito melhor.

El Cid (Idem, EUA, Itália, 1962) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Fredric M. Frank, Philip Yordan / Elenco: Charlton Heston, Sophia Loren, Raf Vallone / Sinopse: Épico que narra a história do guerreiro medieval El Cid que lutou contra as invasões mouras na Península Ibérica durante a alta idade média. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Música Original e Melhor Trilha Sonora (Miklós Rózsa).

Pablo Aluísio

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Memórias de Marilyn Monroe - Parte 1

Memórias de Marilyn Monroe
Certa vez me perguntaram se cinquenta por cento dos críticos em Hollywood me dissessem que eu não tinha talento, o que eu faria? Eu respondi que mesmo que cem por cento falassem isso eu não desistiria dos meus sonhos e saberia do fundo do meu coração que todos eles estavam errados. Eu sempre investi em mim mesma. Quando era modelo eu via todos aqueles vestidos deslumbrantes, aquelas roupas maravilhosas e pensava que eu precisava urgentemente de todas elas em meu quarta roupas. O problema é que eu era pobre e não tinha dinheiro para comprar todas aquelas roupas e elas eram importantes para a minha carreira. Isso porque os agentes e as agências sempre pagavam mais a quem se vestia melhor, quem aparecia com as melhores roupas, os melhores figurinos. Além disso se percebessem que alguma modelo estava em dificuldades financeiras logo corriam para se aproveitarem dela.

Eu amadureci muito cedo em minha vida. Estar casada tão jovem como eu fui me ajudou a ficar madura mais cedo do que outras garotas da minha idade. Estar casada com meu primeiro marido era a mesma coisa que estar presa em um zoológico. Uma vez fomos a um restaurante e era uma noite de baile com conga (uma dança exótica popular na época). Eu acho que naquela noite me animei e fui lá dançar com as pessoas, até me misturei com os bailarinos profissionais. Quando voltei para a mesa meu marido havia fechado a cara para mim! Com raiva ele me disse que eu estava ridícula e havia me comportado como um macaco no Zoo. Meu casamento era tão infeliz que acho que ele tinha razão. Minha felicidade era apenas da porta para fora, dentro de mim eu não me sentia feliz.

Eu nunca fui uma boa aluna. Na verdade estava sempre na classe C que era o mais baixo nível na escola. As únicas matérias em que me saía bem eram inglês e matemática, embora eu não tivesse o menor sentido de dinheiro ou tempo. Eu também gostava muito de escrever e fazer poemas. Gostava de refletir usando um pedaço de papel e uma caneta. Certa vez acabei sendo premiada por uma redação que fiz e isso me encheu de orgulho. Era uma dissertação e eu me saí muito bem, saiba disso.

Na época eu estava morando com tia Ana. Ela foi a pessoa mais gentil que conheci. Ela foi a primeira pessoa do mundo de que gostei verdadeiramente. E isso era bom porque ela também gostava muito de mim. Uma vez escrevi um poema para ela que chamei de "Eu a Adoro". Quando mostrei a alguém essa pessoa chorou porque havia muito sentimento no que eu havia escrito. Eu havia escrito o poema quando tia Ana morreu. Mostrava tudo o que eu sentia quando ela partiu. Era muito emocional e triste. Até aquele momento de minha vida ela era a única pessoa que me amava e me compreendia completamente. Ela me mostrou e ajudou a compreender as coisas importantes da vida e me fez ter confiança em mim mesma. Nunca, jamais me magoou e não podia pois era toda amor e delicadeza. Foi muito boa para mim em um tempo em que passei por grandes dificuldades em minha vida.

Marilyn Monroe.

Robert Mitchum - Raposa do Espaço

Depois da II Grande Guerra Mundial e seu ciclo de filmes, Hollywood procurou por outro tema para seus filmes de guerra. Na década de 1950 várias produções foram rodadas tendo como tema central a Guerra da Coreia. Esse é o caso desse "Raposa do Espaço".  O lendário Robert Mitchum interpreta um oficial da força aérea que é enviado para o Japão com o objetivo de comandar um grupo de pilotos de caça que iriam lutar no conflito da Coreia.

Assim se você gosta de filmes de aviação, em especial os da linha mais clássica, não pode deixar de passar esse bom filme em branco. As cenas de combate, com Mitchum e sua equipe nas cabines dos aviões de guerra, até hoje chamam a atenção por serem extremamente bem feitas. O diretor Dick Powell optou pela perfeição técnica e nesse aspecto se saiu muito bem. O filme quando os aviões estão em ação, é tecnicamente perfeito.

Não podemos esquecer também do contexto histórico em que o filme foi rodado. Era a primeira fase da Guerra Fria, quando os "vermelhos" (em especial soviéticos, chineses e coreanos do norte) já apareciam como os novos vilões preferidos dos filmes americanos de guerra. E no meio das bombas caindo e dos duelos em pleno ar ainda sobrou espaço para um romance do personagem de Robert Mitchum com uma bela mulher. Afinal seu rosto cínico, sempre com um cigarro no canto da boca, sempre se adequava bem nesse tipo de enredo.

Raposa do Espaço (The Hunters, EUA, 1958) Direção de Dick Powell / Roteiro de Wendell Mayes e James Salter / Elenco: Robert Mitchum, Robert Wagner, Richard Egan / Sinopse: O enredo se passa durante a guerra da Coreia. Mitchum faz o papel de um Major que chega no Japão para liderar uma esquadrilha de caças durante esse conflito.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Grace Kelly / Audrey Hepburn

Grace Kelly
Na foto a atriz Grace Kelly beija o Oscar vencido por sua atuação no filme "Amar é Sofrer" (EUA, 1954). O drama foi dirigido por George Seaton, com roteiro baseado na peça teatral escrita por Clifford Odets. Ao lado da atriz que mais tarde se tornaria princesa de Mônaco ainda brilharam o cantor Bing Crosby (provando que também podia atuar convincentemente) e o ator William Holden (em um dos momentos mais populares e bem sucedidos de toda a sua carreira). Grace Kelly havia sido indicada no ano anterior pelo filme "Mogambo" do grande mestre John Ford, mas na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Infelizmente não venceu. Um ano depois veio sua grande chance com uma personagem dramática e romântica, bem de acordo com o modelo que os membros da Academia gostavam de premiar. Apesar de todo o sucesso em sua carreira do cinema Grace Kelly abandonaria definitivamente as telas em 1956 com o musical "Alta Sociedade". Para muitos essa foi uma perda que jamais foi superada pois Kelly foi de fato uma das grandes estrelas da sétima arte em sua fase áurea. 

Audrey Hepburn
Audrey Hepburn acaricia seu Oscar após ser premiada por sua atuação no filme "A Princesa e o Plebeu". Dirigido por William Wyler e com um ótimo elenco que contava ainda com Gregory Peck, Audrey Hepburn e Eddie Albert, o filme foi inicialmente recebido como uma comédia romântica leve e sem pretensão, nada parecida com os habituais vencedores do Oscar. Geralmente as atrizes premiadas pela Academia na época eram escaladas para filmes dramáticos, pesados até, com história edificantes. Audrey assim surpreendeu por ter vencido por uma personagem tão leve e carismática. Ícone da elegância, sofisticação e finesse, Audrey se tornaria campeã de indicações ao prêmio Oscar. Além de ter vencido na primeira indicação por "A Princesa e o Plebeu" (1954), ela ainda seria indicada por "Sabrina" (1955), "Uma Cruz à Beira do Abismo" (1959), "Bonequinha de Luxo" (1961), e "Um Clarão nas Trevas" (1967). Pelo conjunto da obra e seus trabalhos  assistenciais ainda foi homenageada em 1993 com o prêmio humanitário Jean Hersholt dado pela própria Academia.

Pablo Aluísio.

Charles Chaplin - Hollywood Boulevard - Parte 2

Chaplin era um trabalhador compulsivo. Também era muito centralizador. Em determinado momento da carreira ele chegou na conclusão de que não iria precisar de mais ninguém, apenas de um elenco coadjuvante para aparecer ao seu lado nos filmes. Assim Chaplin começou a dirigir, roteirizar e até mesmo a compor as trilhas sonoras de seus filmes. Fazia praticamente tudo no set de filmagem.

Mesmo quando estava em férias Chaplin não parava de pensar em cinema. Ele estava sempre com uma agenda à mão onde fazia anotações, esboços para os roteiros de suas comédias. Chaplin sabia que o cotidiano era um ótimo lugar para arranjar ideias. Assim quando estava na praia, em férias, e viu ao longe um navio cheio de imigrantes decidiu que iria escrever um roteiro onde Carlitos era também um imigrante chegando na América, passando por apuros no navio de passageiros.

Ele também passou a se dedicar à música. Chaplin queria ser um artista completo e em sua opinião jamais chegaria a esse nível de perfeição se não se tornasse também um compositor. Em poucos anos se tornou bastante talentoso, compondo inclusive algumas canções que se tornaram obras primas como a bela "Smile". Ser diretor, roteirista e compositor não eram apenas as qualidades de Chaplin no cinema. Ele também era cenógrafo, criando os cenários de seus filmes, figurinista, pensando em cada roupa de cada coadjuvante e extra de seus filmes e obviamente também produtor pois ele produzia muitas vezes com seu próprio dinheiro os filmes em que atuava.

Com o controle todo em suas mãos Chaplin também conseguiu formar seu próprio estúdio de cinema. Ao lado de outros atores e atrizes ele fundou a United Artists (Artistas Unidos), um estúdio onde os artistas seriam os donos, os seus próprios patrões. A ideia deu muito certo e em pouco tempo o estúdio começou a colecionar prêmios e sucessos de bilheteria. Alguns anos depois Chaplin decidiu que era hora de transformar a empresa em uma Sociedade Anônima. A venda de ações nos anos 60 o deixaria imensamente rico, milionário. Pois é, além de grande artista Chaplin sabia ser também um capitalista muito bem sucedido. 

Pablo Aluísio.