terça-feira, 4 de setembro de 2007
Hedy Lamarr
Mais além de tudo ela se encantava com o cinema, não apenas com os filmes em si, mas o próprio invento a fascinava. Ela tinha uma curiosidade natural que a tornaria uma pessoa estudiosa e dedicada a inventar coisas - algo que lhe tornaria célebre no futuro. Pois bem, no começo da carreira, embora fosse uma linda mulher, os convites eram raros. Além disso na região da Europa onde vivia não havia uma indústria de cinema. Assim ela acabou aceitando participar de uma produção chamada "Êxtase", toda filmada em Praga. O mais notório desse filme é que havia cenas de nudez. Lamarr era uma mulher bem à frente dos padrões da época e aceitou realizar a tão polêmica cena onde ela caminhava nua no meio de uma floresta. Claro que para a década de 1930 aquilo era um escândalo completo. O que hoje seria visto como algo até bucólico, naqueles tempos foi encarado como uma afronta à moralidade.
Como a carreira de atriz não decolava ela acabou arranjando um bom partido, um industrial fabricante de armas chamado Friedrich Mandl. Ele era bem mais velho do que ela, tinha uma personalidade controladora e moralista e queria que a esposa se tornasse uma dona de casa padrão. Algo que Lamarr definitivamente não desejava para si. Dessa maneira o casamento logo chegou ao fim. Sempre seguindo o sonho de ser uma atriz de sucesso ela entendeu que só realizaria esse desejo se fosse para os Estados Unidos. E assim no verão de 1937 ela pegou um navio rumo à América. Seu primeiro filme americano foi "Argélia" de 1938. Era um romance à moda antiga onde contracenava com o galã francês Charles Boyer. A química deu tão certo que a produção logo se tornou um grande sucesso de bilheteria.
Com longos cabelos negros e uma beleza natural ela logo começou a ser considerada uma das mais promissoras atrizes jovens de Hollywood. Os estúdios queriam lucrar com ela e em pouco tempo Lamarr estava colecionando sucessos. Em "Flor dos Trópicos" fez outra parceria de grande êxito comercial ao lado do galã Robert Taylor. Atuou ao lado de Spencer Tracy em "A Mulher Que eu Quero" e Clark Gable em "Fruto Proibido". Em menos de um ano ela já era a estrela preferida dos principais galãs de Hollywood.
Curiosamente ao lado do mundo glamoroso da capital do cinema ela também desenvolveu um incrível talento como cientista. Durante a II Guerra Mundial ela criou um sistema pioneiro que tinha como objetivo atrapalhar as comunicações das forças nazistas. Era algo tão inovador e raro que mal foi compreendido na época. Esse sistema seria a base do telefone celular que só viraria realidade muitos anos após sua invenção. De fato ela foi a criadora de um dos mais revolucionários aparelhos da modernidade, embora nem mesmo ela soubesse a real extensão de sua criação naqueles distantes anos da década de 1940.
Nessa década aliás a atriz colecionou uma série de sucessos de bilheteria. Filmes românticos que exploravam basicamente sua beleza fascinante. Mesmo sendo muito talentosa jamais conseguiu ser reconhecida como uma grande atriz. Havia um certo preconceito contra mulheres bonitas demais pela crítica, agravado ainda mais pelo fato dela ser estrangeira. Assim jamais chegou a ser indicada a um Oscar, apesar dos inúmeros filmes que fez. Sua fase de maior sucesso encontrou seu auge com a super produção "Sansão e Dalila" de 1949, onde ela interpretou a famosa personagem bíblica. Victor Mature interpretou Sansão e ela a linda e perigosa Dalila, que iria conquistar o coração do forte, mas frágil emocionalmente, guerreiro.
Como nunca foi reconhecida além de sua beleza nas telas a carreira de Lamarr começou a entrar em declínio na década seguinte. Novas beldades chegaram em Hollywood, bem mais jovens e assim os convites para novos filmes foram ficando mais raros. A vida pessoal e romântica também foi turbulenta. Hedy Lamarr se casou sete vezes e em todos os enlaces matrimoniais teve que enfrentar problemas e mais problemas conjugais. Seu último casamento foi com o advogado Lewis Boles, já nos anos 60. Infelizmente foi outra união infeliz que durou muito pouco, menos de três anos. Seu último filme foi "Naufrágio de uma Ilusão" de 1958 onde interpretava uma personagem chamada Vanessa Windsor, ironicamente uma estrela decadente de cinema que disputava o amor de um homem mais jovem com sua própria filha (Jane Powell). Com problemas de saúde ela aos poucos foi se afastando da carreira. Embora muitos pensassem que ela não viveria muito por causa disso a atriz conseguiu se superar tendo uma vida longa, só vindo a falecer em 2000 com 85 anos de idade. Seu último desejo foi que suas cinzas fossem espalhadas na bela floresta de Wienerwald, na sua Áustria natal, um lugar que ela adorava e que gostava de passear em sua infância. Foi justamente lá que seu filho realizou esse último pedido de sua querida mãe.
Pablo Aluísio.
domingo, 2 de setembro de 2007
Laurence Olivier & William Shakespeare
Assim Olivier se debruçou sobre "Hamlet" e escreveu uma nova versão, procurando usar uma linguagem mais moderna, que soasse mais compreensível para aqueles alunos. Sua real intenção era apresentar Shakespeare aos mais jovens para que eles criassem curiosidade sobre o famoso escritor, indo assim atrás de suas peças no original. Como a experiência deu certo e deu ótimos frutos Laurence procurou ir além. Ele quis levar para o cinema seu texto adaptado. Afinal de contas uma coisa era se apresentar para um determinado grupo de estudantes ingleses, em número limitado, outra completamente diferente seria levar isso para o mundo inteiro através do grande meio que estava à sua disposição: o cinema!
Sobre essa atitude corajosa de Laurence Olivier o grande ator Marlon Brando comentaria: "Certa vez encontrei Laurence e ele me disse que eu deveria me dedicar a Shakespeare já que tinha talento para tanto! Fiquei lisonjeado com sua opinião e de certo modo ele tinha razão em me falar aquilo. Eu só seria um grande ator se me dedicasse a interpretar Shakespeare no teatro. O problema é que eu tinha que viver, tinha contas a pagar, pois qualquer ator americano que se dedicasse completamente aos textos de Shakespeare ficaria extremamente pobre. Os americanos não possuem esse tipo de cultura. Na verdade os britânicos são os únicos a cultivarem a riqueza da língua inglesa justamente por causa de Shakespeare. A cultura americana é a da TV e a do cinema. Não temos cacife cultural para tornar Shakespeare popular em nossa sociedade".
Brando tinha razão. O americano médio é de certo modo um simplório que mal conhece o nome de outros países. Ele não tem a sutileza e a sofisticação cultural para tornar uma obra desse nível popular. Mesmo com tantas coisas contras Laurence foi em frente. Conseguiu financiamento e em 1948 lançou sua versão cinematográfica de "Hamlet". Ele ficou tão obcecado com sua atuação que resolveu também dirigir o filme. Era sua obra mais cativante e ele certamente não estava disposto a dividir isso com absolutamente ninguém. Para sua alegria e realização o filme se tornou um sucesso e acabou sendo consagrado no Oscar um ano após quando foi premiado com os prêmios de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e os dois mais importantes Oscars da noite: Melhor Filme e Melhor Ator (onde o grande premiado seria ele mesmo, Laurence Olivier). Não haveria maior consagração para ele do que esse reconhecimento histórico. O Bardo certamente teria ficado orgulhoso de Laurence.
Pablo Aluísio.
sábado, 1 de setembro de 2007
O Romance de Elizabeth Taylor
O Romance de Elizabeth Taylor
Na Hollywood dos anos 60, o jovem George Hamilton estava no lugar certo na hora certa. "Os executivos do estúdio me disseram: Se encontre com todas as atrizes que você puder, mas certifique-se que elas estejam sob contrato conosco!". Era uma tática de promover atrizes e atores, para que seus encontros saíssem em jornais e revistas da moda. Dessa maneira os artistas ganhavam publicidade praticamente grátis. Assim relembra George Hamilton sobre seu primeiro encontro com Liz Taylor.
"Elizabeth Taylor fazia parte do elenco contratado da Fox, então pensei, por que não ir lá pedir um encontro com ela? O máximo que poderia acontecer de ruim era levar um fora!" - Era uma ousadia e tanto mas Hamilton arriscou. "Ela gostou da minha ousadia ao chamá-la para jantar fora. Assim que a conheci entendi que era um ser humano único! Ela era muito divertida, podia ficar acordada a noite toda jogando cartas se isso o fizesse feliz. Depois pela manhã decidia que queria viajar, pegávamos o primeiro avião e íamos para a Europa. Ela era maior que a vida!".
Como se sabe Liz Taylor colecionou relacionamento em Hollywood mas George Hamilton se destacou em sua lista de namorados por causa de suas opiniões firmes. "Era um relacionamento típico, onde um queria se impor ao outro, uma luta de poder! Mas eu não estava disposto a mudar minha atitude e isso a intrigava. Eu dizia a ela que não iria aceitar tão facilmente as suas decisões e ela me perguntava se eu a estava ameaçando, eu dizia que não, estava apenas fazendo uma promessa a ela!"
Para George Hamilton um homem jamais deve deixar uma mulher assumir o controle total em uma relação. "Não importa se é Elizabeth Taylor ou uma mulher comum, não famosa. A verdade é que as mulheres sempre vão testar você. Se você se deixar dominar será o fim. As mulheres de uma maneira em geral não gostam de ser submissas mas também não querem um sujeito fraco ao lado delas".
As coisas iam bem entre eles mas para a infelicidade de Hamilton, Liz Taylor acabaria se apaixonando perdidamente pelo ator Richard Burton com quem se casaria, se divorciaria e depois se casaria novamente. Com isso George Hamilton resolveu encerrar o relacionamento amoroso com ela, mas a amizade se firmou e durou até a morte de Liz. "De certa forma o fim do namoro significou o começo de uma grande amizade. Fui seu amigo até seus últimos dias. Tenho ótimas memórias pessoais ao seu lado. Um ano ao lado de Elizabeth Taylor poderia encher toda uma vida de grandes lembranças" - finalizou o ator.
Pablo Aluísio.